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sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Acordem queridos , o nosso Brasil atual ...

... não está com tudo por aí afora . Ao contrário... por pouco estão com pena de nos . Vejam o que foi publicado na revista veja :  

<http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/reacao-da-imprensa-internacion
al-a-morte-de-campos-deveria-envergonhar-setores-da-imprensa-brasileira/>
Reação da imprensa internacional à morte de Campos deveria envergonhar
setores da… imprensa brasileira!

Setores consideráveis da imprensa brasileira parecem um tanto surpresos com
a reação da imprensa internacional — e até da Casa Branca, como dizem alguns
com espanto! — à morte de Eduardo Campos. Todos os grandes veículos de
comunicação do mundo deram espaço e destaque consideráveis à trajetória do
ex-governador de Pernambuco que ousou divergir do grupo com o qual se aliara
havia muitos anos. Ainda que terceiro colocado na disputa e com chances
remotas de se eleger, o candidato do PSB foi saudado, no mais das vezes,
como um político operoso e popular e como um democrata. A respeitada The
Economist lhe dedicou um de seus obituários, em espaço nobre.

Há, sim, certa surpresa no ar. Não se esperava tanto. E isso dá conta de
como o debate político se tornou pobre e bruto no Brasil. Por que a imprensa
do mundo democrático dá a Campos uma relevância que ele parecia não ter por
aqui? Porque, nesses países, preza-se a divergência como o sal da terra,
como o sal da democracia, como o sal de um regime de liberdades públicas.

Entre nós, infelizmente, o debate está acanalhado. Acostumamo-nos a ver a
máquina pública a serviço de um governo, de um partido, de milícias de
pensamento. Acostumamo-nos a ver palacianos cinzentos operando nas sombras
para mudar perfis na Wikipédia. Parece-nos normal que o chefão do maior
partido do país faça uma lista negra de jornalistas. Estamos começando a
achar razoável que o supremo mandatário do país utilize uma solenidade
oficial para fazer campanha eleitoral. Não nos escandalizamos quando um
ministro de estado, no uso pleno da máquina pública, ataca adversários não
da presidente Dilma, mas da candidata Dilma.

Há um processo de demonização da divergência no Brasil. Ou não vimos uma
presidente da República e um ex-presidente a pedir a cabeça de analistas de
um banco, o Santander, porque, afinal, não gostaram das afirmações que
fizeram? E, acreditem!, muitos jornalistas acharam, sim, razoável a punição.
Há dias, fez-se um grande escarcéu porque uma consultoria emitiu críticas
duras ao governo. Nas redes sociais, a divergência com a voz oficial é
tratada como crime, numa odienta ação de milicianos industriados, que agem a
soldo. Até uma subimprensa venal, alimentada com dinheiro público para
elogiar o poder e atacar seus críticos, é vista como coisa normal.

Mas não é assim que a coisa funciona mundo afora, não! Ao contrário. As
democracias sabem muito bem que é a divergência que torna um regime
democrático, já que, como costumo dizer, todas as tiranias dispõem de
governo.

De certo modo, a justa repercussão que a morte de Campos tem no exterior
deveria nos envergonhar, a considerar o tratamento que mereceu por aqui
enquanto estava vivo. Ainda hoje, um notório colunista governista exalta o
homem que “buscava o sonho”. Eu aplaudo, e tinha divergências com ele, o
homem que queria outra realidade.

Chegou a hora de a imprensa, boa parte dela ao menos, também repensar o seu
papel e se perguntar até onde, com alguma frequência, não serve de esbirro a
um projeto de poder que pretende eliminar o contraditório.
Por Reinaldo Azevedo 

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